AS ESCOLAS PRIMÁRIAS DO
NOSSO CONCELHO
Monumentos da nossa memória
Nostalgia.
O edifício da escola primária foi o nosso primeiro local de trabalho. Ali se cumpria o primeiro horário. Ali se conheciam os primeiros colegas do ofício. Ali se criaram amizades, mais ou menos duradouras. Quatro anos de calendário (entre os 7 e 11 de idade) era o tempo normal para se obter o exame da 4ª classe. Durante este tempo ali usufruímos do trabalho e dedicação dos nossos professores, salpicado aqui ou ali de atitude mais ríspida. Recordamos a sala de aula: o quadro preto na parede, a mesa do professor, o ponteiro, as carteiras dos alunos, os tinteiros, os mapas na parede. E também a menina-de-cinco-olhos, a amiguinha que, ora justa ora injustamente, frequentava uns mais que outros, mas que regra geral a todos visitava. Recordamos a saca de pano, onde fomos carregando a ardósia, o lápis de pedra, o caderno, a tabuada, os livrinhos de leitura das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classe, da aritmética, geometria, geografia, história, gramática. Livrinhos que se foram extraviando, mas cujas reimpressões ora nos permitem recuperar e guardar. Está tudo em memória.
O edifício da escola primária foi o nosso primeiro local de trabalho. Ali se cumpria o primeiro horário. Ali se conheciam os primeiros colegas do ofício. Ali se criaram amizades, mais ou menos duradouras. Quatro anos de calendário (entre os 7 e 11 de idade) era o tempo normal para se obter o exame da 4ª classe. Durante este tempo ali usufruímos do trabalho e dedicação dos nossos professores, salpicado aqui ou ali de atitude mais ríspida. Recordamos a sala de aula: o quadro preto na parede, a mesa do professor, o ponteiro, as carteiras dos alunos, os tinteiros, os mapas na parede. E também a menina-de-cinco-olhos, a amiguinha que, ora justa ora injustamente, frequentava uns mais que outros, mas que regra geral a todos visitava. Recordamos a saca de pano, onde fomos carregando a ardósia, o lápis de pedra, o caderno, a tabuada, os livrinhos de leitura das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classe, da aritmética, geometria, geografia, história, gramática. Livrinhos que se foram extraviando, mas cujas reimpressões ora nos permitem recuperar e guardar. Está tudo em memória.
E claro que hoje (2015) existem outros manuais,
outras filosofias, outros autores. Mas não é a mesma coisa. É que não foram
estes, mas aqueles autores e professores de meados do século passado (anos
cinquenta) que nos botaram ao mundo
das letras e das ciências. Que nos deram asas para tomar novos rumos! Obrigados
mestres! Bem-haja!
Histórico.
Vindas da Monarquia, da 1ª República ou do «Plano dos Centenários», (Estado Novo), nas freguesias de Castanheira de Pera e Coentral funcionaram plenamente escolas primárias em:
Vindas da Monarquia, da 1ª República ou do «Plano dos Centenários», (Estado Novo), nas freguesias de Castanheira de Pera e Coentral funcionaram plenamente escolas primárias em:
· Coentral
· Pera
· Bolo
· Castanheira
· Gestosa
· Troviscal
· Moita
· Sarzedas
Lugares com um ou dois edifícios. Escolas com
uma ou mais salas de aula. Seria interessante existir um livrinho com a história de cada uma destas Escolas. Sua tipologia.
Ano de construção. Ano de instalação. Custo da obra. Forma de pagamento.
Legados. Outros elementos do processo. Fotos várias. Professores que, no todo
ou em parte, nela leccionaram. Alunos que, no todo ou em parte, a frequentaram.
Eventos que nela ocorreram. (A título de exemplo recordamos em 1955 uma
gravação (canto) dos alunos do Prof. António Maria Saraiva, para uma programa
da Emissora Nacional). Alguns destes elementos ainda existem na memória das
gentes, mas carecem de ser despertados, conversados para se transmitirem.
Muitos outros existirão porventura em escritos dispersos no espaço e no tempo.
Mas sem a junção, a presença e a consulta que o livro sempre proporciona. E
seria interessante porque estes edifícios constituem para muitos dos seus
antigos alunos pequenos monumentos,
quantas vezes dizendo-lhes mais do que alguns outros maiores que se visitam
pelo país.
Centenários.
O denominado «Plano dos Centenários» foi um programa de construção de Escolas Primárias, projectado, aprovado e executado pelo Estado Novo (l940-1960). «Centenários» porque em 1940 se celebrou o «3º centenário» da restauração da independência (1640-1940) e em 1943 se viveu o «8º centenário» da fundação na nacionalidade (1143-1943). Para saber mais insira «plano dos centenários» na janela «Google» e confira textos e imagens.
O denominado «Plano dos Centenários» foi um programa de construção de Escolas Primárias, projectado, aprovado e executado pelo Estado Novo (l940-1960). «Centenários» porque em 1940 se celebrou o «3º centenário» da restauração da independência (1640-1940) e em 1943 se viveu o «8º centenário» da fundação na nacionalidade (1143-1943). Para saber mais insira «plano dos centenários» na janela «Google» e confira textos e imagens.
Encerramento.
É do domínio público que todas as escolas primárias do nosso concelho foram sendo sucessivamente encerradas durante os últimos dez anos. E que os respectivos alunos foram transferidos para o Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto, a funcionar, condignamente, na imediação da vila.
É do domínio público que todas as escolas primárias do nosso concelho foram sendo sucessivamente encerradas durante os últimos dez anos. E que os respectivos alunos foram transferidos para o Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto, a funcionar, condignamente, na imediação da vila.
Foi, afinal, o que sucedeu por toda parte.
Aldeias desertificadas. Diminuição da natalidade. Novo reordenamento da rede
escolar. Resultado: quatro ou cinco mil escolas primárias encerradas por todo o
país, (continente e regiões autónomas).
E que destino se tem dado a estas escolas assim
encerradas? Certamente os mais diversos, consoante as circunstâncias locais.
Mas, as noticias publicadas fazem-nos saber que geralmente se têm mantido na área
das humanidades. Convertidas em
bibliotecas, museus, livrarias. Escolas de música, canto, cante e dança.
Associações culturais, desportivas e recreativas. Actividades seniores.
Gabinetes de estudo, exposições, conferências. E nos casos em que têm transitado
para a habitação social, restauração, turismo, o protocolo vincula a manter a
sua «traça», a conservar a sua
«alma»: aqui existiu uma escola!
Existem hoje aldeias serranas em que, tendo
fechado todo o comércio local, o edifício da antiga escola primária constitui o
único lugar de conchego e convívio de inverno. E de verão o procurado ponto de
encontro de diálogo e alegre convívio entre gerações. Sublime!
Francisco H. Neves