«In aquilone per uiam que ducitur
ad sanctaren».
É
possível no séc. XII uma força militar goda ter passado aqui através da cumeada
Trevim – Cabril – Ortiga – Carregal
Cimeiro, rumo a Santarém via Chornudelos
– Abdegas - Albardos – Pernes
Foto Wikipédia
1.
Não na herdade (1135). Sim no foral (1206).
O território que hoje constitui o concelho de
Castanheira de Pera não integrava a Herdade
de Pedrógão de 1135. Ficava no limite. Limite que aliás, ainda hoje é o
mesmo entre os dois concelhos. A herdade deu lugar a três forais (1201, 1204,
1206). A área territorial de cada foral, não prova a sua coincidência com a
herdade. O acerto dos limites de cada foral era feito na chancelaria régia
podendo aí a linha limite dum foral deslocar-se para dentro ou para fora da
herdade, consoante as opções reais. No caso de Pedrógão, o foral (1206)
deslocou-se para fora da herdade, na
parte do termo confinante «In
aquilone per uiam que ducitur ad sanctaren». Com assim abrangendo o
território castanheirense. Porventura uma recompensa real (D. Sancho I) a Pedro
Afonso por relevantes serviços prestados, através desta via. Eram estes os
limites do foral (1206): «In oriente foz
de uniaes et inde per meega usque dum nascitur. In occidente per capita de
nadauis et inde per directum ad caput de bouzaa et inde per carril quomodo
uertir aquam ad almaegue de goteri. In aquilone per uiam que ducitur ad sanctaren. In
africo per ozezar». (KB), (MP). Tendo os rios
fixos, a bússola calibrada e a «uia que
ducitur ad sanctaren» a desenvolver-se no sentido norte - sul, temos que
tal via corresponde no terreno à (linha de) cumeada Trevim – Cabril – Ortiga – Carregal Cimeiro, ainda hoje limite W concelhio. (Cabril é aqui o cume do
Amial).
2. «In
aquilone per uiam que ducitur ad sanctaren».
Mas afinal que via era esta, que já existia antes de 1206? E para que servira? Existem versões como «estrada de Santarém», «estrada romana»,
«estrada mourisca entre Viseu e Santarém». Em tudo isso haverá
reminiscências. Mas traduzir aqui «via» por
«estrada» tem-se por algo excessivo.
É que nesse tempo não haveria aqui estrada alguma. Literalmente porque aqui o
foral não refere «carril». Por mais
que se amplie o mapa das vias romanas (Antonini)
nada nestas serranias da Lousã. Não há notícia de que esta cumeada (hoje em parte parque eólico da Ortiga a W da vila) fora antes de 1206, ponto de passagem de gente para conventos,
mosteiros, santuários, peregrinações, feiras, mercados, transumância, com
destino a Santarém ou Viseu. «Quando
Portugal nasce, a população do território português não excederia,
provavelmente, quinhentos mil habitantes. O país encontrava-se em grande parte
deserto e cheio de matas, onde se criavam lobos, ursos e javalis», (FR). Em 1100 a população era de 495.000
habitantes. Romanos, Visigodos e Mouros eram povos de planície, não de
montanha. Mas a verdade é que no foral de 1206 lá está expresso: «In
aquilone per uiam que ducitur ad sanctaren». ( «Do norte pela via que conduz a Santarém»). Hoje (2018) não é
possível perguntar aos outorgantes o significado. Mas pode saber-se quem eles
eram. De baixo para cima: oficiais régios, chanceler, alferes, Pedro Afonso, D.
Sancho I, D. Afonso Henriques, Conde D. Henrique, D. Tereza, D. Afonso VI e por
aí acima. Todos Visigodos ou seus descendentes. A nobreza. Uma classe militar e
proprietária, notoriamente envolvida na guerra da reconquista. Isto faz luz
sobre a natureza da via «…que ducitur ad sanctaren» e sua
utilização. Tratar-se-ia de um trilho (caminho) de natureza militar, um trilho militar. Porventura utilizado,
além do mais, aquando das grandes operações militares anteriormente registadas
em Santarém. Em 1147 a tomada da
cidade aos Mouros. E em 1184 a
heróica resistência ao grande cerco almóada. Mas antes disso:
2.1-
Lusitanos e Romanos.
É conhecida a resistência dos Lusitanos
(Viriato, Sertório) à ocupação romana. O sistema Lousã – Açor - Estrela
constituía um braço dos Montes Hermínios. Terá havido por aqui acções militares
(acampamentos, patrulhas, emboscadas, baixas) de ambos os lados. O apelativo Trevim - também dito Altar do Trevim - é tido de origem
romana (latina) «trivium» (junção de
três caminhos). Topónimo que constitui índice de acampamentos romanos nestes
morros. Romanos que tiveram uma Legião instalada em Viseu. E aqui perto uma
cidade edificada em Conimbriga. Conexionando
é de admitir a existência de um trilho
militar romano ligando: Viseu - Trevim – Cabril – Ortiga - Carregal
Cimeiro – Conimbriga.
2.2-
Visigodos. Nobreza.
A seguir aos Romanos (seis séculos), vieram
os Visigodos (416-711). Germânicos. A nobreza. Uma classe militar e
proprietária. Apropriaram-se de dois terços das melhores terras, deixando um
terço para os federados romanos, (sortes
gothicae et tertia Romanorum), (MC). “Em território português”, anexaram
militarmente o reino dos Suevos
(585). A luta durou mais de um século. Suevos com capital em Braga, mas que se
expandiram a sul e destruíram Conimbriga (468).
Cotejando as fronteiras da época (imagens net) é possível que Suevos e
Visigodos tenham utilizado militarmente o trilho
militar - Conímbriga – Trevim –
Viseu – durante as suas acções bélicas na região. Os Visigodos vieram para ficar.
2.3-
Visigodos I. Mouros. Visigodos II.
Durante os anos 624-711 os Visigodos
dominavam totalmente a península ibérica. Mas surgiram dissensos e conflitos no
seio da sua própria nobreza, (680-711), de tal modo graves que isso desencadeou
a invasão muçulmana de 711 e a
tomada fulminante de toda a península ibérica (715). Toda, excepto uma
zona setentrional montanhosa e de difícil acesso nas Astúrias, onde se
acantonaram alguns capitães visigodos, sob o comando de um caudilho (Pelágio),
e onde fundaram o novo reino das
Astúrias (718). Antes dos Mouros
os Visigodos dominavam a península ibérica por inteiro. Depois dos Mouros os
Visigodos voltaram a dominar a península ibérica por inteiro, mas isso demorou
séculos. Foi a «reconquista». Visigodos I eram todos os Visigodos avindos e
desavindos antes dos Mouros. Visigodos II foram os Visigodos unidos que se congraçaram nas Astúrias
(e os que se lhes seguiram) para a criação de novos reinos visigodos-cristãos.
(Sendo que os Visigodos já eram oficialmente Cristãos desde o III Concílio de
Toledo (589). «Reconquista visigoda» e «Reconquista cristã» são sinónimos.
«Visigoda» o qualificativo militar. «Cristã» o conceito diplomático. A invasão
mourisca de 711 não quebrou a linha
de continuidade do modelo visigodo.
Enfatizam os Historiadores:
«O
reino das Astúrias (que, a partir de 911, passa a ser reino de Leão) surge…
como um Estado essencialmente militar, núcleo de resistência, primeiro, de
combate e cruzada depois … Logo no seu início os hispano-godos que o
constituíram manifestaram o propósito de continuar a tradição da monarquia
visigótica: será um reino neogótico. O rei eleito reivindica a sucessão e a
autoridade dos monarcas visigodos… Este carácter do rei transmitir-se-á aos
outros reinos da reconquista», (MC).
Outros reinos neogóticos: Navarra, Leão, Castela, Portugal…
É conhecido o processo militar da formação de
Portugal. Galiza, linha do Douro, linha do Mondego, linha do Tejo… Coimbra
mourisca (714); Coimbra visigoda (867); Coimbra mourisca (987); Coimbra
visigoda (1064). Definitivo. Mas perigo sempre a rondar. A invasão mourisca de
1116 voltou a ameaçar Coimbra. E destruiu Miranda do Corvo. Séculos de guerra
oscilante. Mouros acima… Visigodos abaixo… Luta sem quartel. Fio de espada.
Nesta conjuntura é possível que ambos os exércitos (visigodo e mourisco) tenham
utilizado o trilho militar Conimbriga – Trevim – Viseu, aquando das suas incursões bélicas na
região. Trilho visigodo. Trilho mourisco, (MS).
2.4-
Godos francos.
Durante o processo militar da «reconquista» o
Rei Afonso VI (Leão), casa com D. Constança, filha do duque da Borgonha e
sobrinha do abade Hugo de Cluny, (1081). O séquito trouxe protegidos cavaleiros
francos. O abade atraiu outros. E o próprio Afonso VI pediu ainda outros
(1086). E assim «ocorreram à Península
Hispânica cavaleiros movidos pelo intuito de combater o poderio muçulmano e de
buscar fortuna através da actividade guerreira e da conquista de novas terras»,
(RR). Uma vaga de nobreza visigoda (Borgonha, Languedoc, Aquitânia) que aqui se
veio implantar (senhores) comparticipando da distribuição de dois terços das
melhores terras, (restando um terço para os nativos). Grandes e maiores
fortunas. Latifúndios. Tempo do Conde D. Henrique da Borgonha (que Afonso VI
fez genro) casando com D. Tereza, pais de D. Afonso Henriques. Assim se
chegando, entre apaniguados, à «herdade de Pedrógão» de 1135 e ao foral de
1206, com o seu limite «in aquilone per uiam que ducitur ad
sanctaren».
2.5-
Fronteira.
Referem os autores: «A fronteira do novo reino, quando D. Afonso Henriques começou a
intitular-se rei (1140) passava um pouco a sul de Coimbra, ia pelas alturas da
serra da Lousã e esbatia-se nas planícies da Beira Baixa, numa zona imprecisa e
não dominada, nem por Mouros nem por cristãos», (JHS). Significa isto que o
trilho militar Conímbriga – Carregal Cimeiro – Ortiga – Cabril -
Trevim já foi temporariamente fronteira do reino. O castelo de Leiria
(1135) era então um posto avançado de combate e a herdade de Pedrógão (1135)
não estaria activada.
3. A
tomada de Santarém aos Mouros em 1147.
Cidade planáltica. Estratégica. Em poder dos
Mouros (desde 1111). Muralhas. Uma fortaleza. Tida por inexpugnável. Por isso
D. Afonso Henriques pensou tomá-la por estratagema.
Para tal enviou a Santarém um dos seus fiéis cavaleiros (Mem Ramires) com a
missão secreta de observar o terreno e ver da viabilidade de tomá-la de
assalto. Boa notícia trouxera ao rei. D. Afonso Henriques em dois meses planeou
a operação. Escolheu 250 cavaleiros dentre os melhores. Missão secreta. Só o
Prior de Santa Cruz (D. Teotónio) e poucos sabiam. Partindo de Coimbra, numa 2ª
feira de manhã, 10 de Março e passando (de dia ou de noite) por Alfafar
(Penela) - Chornudelos (Dornelas, Soure) – Abdegas (Ourém) - Albardos
(Candeeiros, Porto de Mós) - a
cavalgada chegou ao alto da mata de Pernes na manhã de Sexta-feira. Foi aqui
que D. Afonso Henriques, num estimulante discurso, informou os cavaleiros da
missão. Feitas aqui dez escadas (crê-se que de corda), para escalar a muralha.
E na madrugada de Sábado – dia 15 de Março de 1147 - a coluna agora apeada,
pela vereda de um vale, em sumo silêncio, aproximou-se da muralha e, tomadas
cautelas, por duas escadas fixadas nas ameias, subiram e escalaram a muralha
alguns cavaleiros (25), que dominaram as sentinelas, quebraram os ferrolhos das
portas da alcáçova, abriram as portas à entrada de roldão da restante força. E
em cerca de duas horas a cidade estava tomada. O alcaide conseguir fugir.
Agora, vamos ao que nos trouxe:
a) «Poucos, dos meus». A missão era
altamente sigilosa. Por isso a força não
podia ter saído de Coimbra toda junta. Como não saiu. Seria arriscada
exposição. Em tempo de pazes, sempre haveria relações comerciais entre as duas
cidades. Aliás, terá sido a título de negócios que o estratega Mem Ramires fora
a Santarém. Sobre a partida atribui-se ao próprio D. Afonso Henriques, in «De Expugnatione Scalabis» o
seguinte: «Assim, no dia estabelecido,
preparadas as provisões, juntamente com os homens de Coimbra, Fernam Perez e
outros, poucos, dos meus, tendo saído desta cidade na segunda-feira, acampámos
em Alfafar, sendo esta a nossa primeira paragem. No dia seguinte parámos em
Dornelas… Abdegas… Alvardos … Pernes», (JHB).
Ora aí está: «… poucos, dos meus…». Os demais
foram-se juntando pelo caminho (região).
b)
Itinerário. Pela mesma razão (sigilo) também o
itinerário a seguir nunca podia ter sido, como não foi, a estrada romana (De Olissipo a Bracara Augusta) Lisboa – Santarém – Tomar – Coimbra – Braga.
É que para além das relações comerciais, teria agora vigilância mourisca
acrescida, porque, durante o trajecto o rei mandou a Santarém um diplomata
(Martim Moab) informar o alcaide que as tréguas estavam rotas por três dias.
Tinha de seguir-se um caminho desenfiado.
c) Pedro Afonso. Em Dornelas (Soure)
juntaram-se ao rei alguns templários. E também: «Ali se lhe juntou o seu meio-irmão, Pedro Afonso, que
viera o Norte com um pequeno contingente». (JVS). Meio-irmão, que outros autores admitem tratar-se de Pedro
Afonso, filho bastardo de D. Afonso Henriques, que teria cerca de 15 anos e que
fora um dos que em Santarém escalara a muralha. (FAB). Seja quem for o que é de
sublinhar é que ele «viera do norte com
um pequeno contingente»». Então é possível que Pedro Afonso, com gente sua
de Viseu, tenha vindo pelo trilho
militar Viseu – Trevim – Cabril –
Ortiga – Carregal Cimeiro – Dornelas», rumo a Santarém.
d)
Gonçalo Gonçalves. Mas mais relevante. O segundo comandante da
hoste real em Santarém foi Gonçalo Gonçalves, um dos próceres de D. Afonso
Henriques, residente em Viseu, primeiro rico-homem da cidade e seu governador.
Antigo cavaleiro do castelo de Soure, (GE). Nesse tempo era o eixo militar Coimbra - Viseu que
impulsionava. Então é possível que a sua cavalgada, por questão de sigilo, no
todo ou em parte, se tenha desviado de Coimbra e tomado o caminho desenfiado Viseu - Trevim – Cabril - Ortiga – Carregal
Cimeiro – Dornelas, rumo a Santarém. Isto é: «per uiam que ducitur ad
sanctaren».
4.
Santarém. O grande cerco de 1184.
O emir de Marrocos Iúçufe I concebera um
plano para reconquistar Santarém. Fez, Ceuta, Gibraltar, Sevilha, Badajoz foi o
itinerário seguido para juntar forças. Copioso exército. E em fins de Junho de
1184 atinge Santarém e cerca a cidade. Denso. As notícias da época são
escassas, senão contraditórias e isso reflecte-se no trabalho dos
Historiadores. Sabendo da aproximação, o príncipe D. Sancho dirige-se a
Santarém para organizar a defesa (arrabalde, muralhas, alcáçova). Enquanto em
Coimbra o rei diligenciava forças de socorro. Durante cerca de uma semana os
ataques terão sido de grande dureza. Mas a heróica guarnição resistiu.
Entretanto chegam forças de Coimbra. O emir é atingido por uma lança e recolhe
à tenda. E o seu exército desordenado e dizimado retira-se durante a noite.
Santarém fica salva para sempre.
Dentre as forças que ocorreram a Santarém há
referências ao Bispo do Porto, a gente do Minho, Douro e Beira. E também a Fernando II de Leão que deslocara as
suas hostes de Ciudad Rodrigo, via Trancoso, Viseu, Coimbra, (HM). A sua
presença em Coimbra com outros nobres e o seu alferes está confirmada em 31 de
Julho, (JM). Data compatível com o regresso de Santarém.
a)
Itinerário. Quanto ao itinerário há um dado interessante numa crónica, segundo o qual o monarca «juntou a gente que pode e em três dias
estava vencida a distância entre Coimbra e Porto de Mós», (JHB). (Porto de
Mós, Serra dos Candeeiros). Significa isto que também aqui não foi seguido o
itinerário romano (De Olissipo a Bracara Augusta). Não foi,
nem podia ser. Estaria enxameado de Mouros a barrar caminho.
b)
Pedro Afonso. Dizem os cronistas: «Com ser a vitória de
Santarém uma das mais ilustres que celebra a antiguidade, é mágoa grande ver o
pouco que dela se oferece em nossas histórias, pois nem se particulariza
capitão ou soldado insigne que aqui se avantajasse, nem se aponta coisa
memorável mais do que a simples narração do sucesso dela…» (FAB). Esta
constatação remete-nos para a questão de saber qual terá sido o papel de Pedro Afonso nesta conjuntura. É que
ele era (1179-1189) ou acabara de ser (1181-1183) alferes-mor do reino, (JM).
Sendo que, «nos primeiros tempos da
monarquia, o alferes-mor tinha larguíssimas atribuições, que o fazia como que o
chefe do exército abaixo do rei», (GE). E ele era filho (bastardo) do rei e
meio-irmão do infante D. Sancho, cercado em Santarém. Face à idade do monarca
(74 anos), é possível que tenha sido Pedro Afonso a coordenar as forças de
socorro. O estudo da sua intervenção poderá porventura vir a confirmar que
secções de forças militares provindas da região de Viseu - sem excluir Fernando
II de Leão - tenham cavalgado aqui pelo corredor Viseu – Trevim – Cabril – Ortiga – Carregal Cimeiro – Porto de Mós (Candeeiros), rumo a Santarém, com assim, «per
uiam que ducitur ad sanctaren».
D. Afonso Henriques faleceu em 1185.
Sucede-lhe D. Sancho I, de quem Pedro Afonso «foi um fiel e dedicado servidor», continuando como alferes-mor do
reino, (IL). Em 1200, D. Sancho I doou-lhe a «herdade de Pedrógão», (Reguengo de Monsalude), da qual Pedro
Afonso veio a conceder três forais (1201, 1204, 1206), (MP). Este último o
foral de Pedrógão, com o seu limite «In aquilone per uiam que ducitur ad
sanctaren».
5.
Sentido.
Quando na chancelaria régia (1206), os
signatários do foral disseram no documento: «In aquilone per uiam que ducitur
ad sanctaren», mais do que registar uma delimitação territorial,
estavam porventura a pensar e significar para memória futura, as forças
militares que, provindas do norte, sob seu comando, por aqui transitaram em
missões a Santarém (1147 e 1184). Daí que a tradução literal publicada - «do norte pela via que conduz a Santarém»,
ou, «no norte através do caminho que
levou a Santarém» - deva ser integrada desse sentido. E ainda o sentido do
itinerário regional seguido: Viseu –
Trevim – Porto de Mós – Santarém.
6.
Lição.
Advertem os historiadores: «A demonstração dos factos históricos é quase
sempre hipotética, sobretudo quando eles se situam numa época tão remota como o
séc. XII. Aquilo que é possível, admissível, verosímil, hipotético ou provável,
não se pode transformar em certeza», (JM). É sob esta lição tudo o que de
novo fica dito.
Francisco H Neves
_____________________________
Bibliografia:
(FAB)
Frei António Brandão, Crónica D. Afonso Henriques, Civilização, Porto, (99,
106, 148, 315)
(FR)
Feliciano Ramos, História da Literatura Portuguesa, 3ª Ed. Braga 1958, (22).
(IL)
Isabel Lencastre, Bastardos Reais, Oficina do Livro, (23).
(KB)
Kalidás Barreto, Monografia do Concelho de Cast Pera, 2001 (35, 86); 2004 (45,
104).
(JHB)
José H. Barata, Fastos de Santarém, Coimbra Editora, 1947, (22, 40).
(JHS)
José Hermano Saraiva, História C. Portugal, 25ª ed. Europa-América, (47)
(JM)
José Mattoso, D. Afonso Henriques, 2007, Temas e Debates, (26, 229, 234, 371,
388).
(JM)
José Mattoso, Identificação de um País, 2015, Temas e Debates, (89).
(JVS)
Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal I, Verbo, 6ª Ed. (95)
(MC)
Marcello Caetano, História do Direito Português, 4ª ed. Verbo, (91, 99, 119).
(MS)
Mário Saa, As Grandes Vias da Lusitânia, Vol. III/livro IX, (219).
(RR)
Rui Ramos, História de Portugal, 7ª edição, 2012, Esfera dos Livros (22, 23,
781, 839).
(GE)
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, (Vol. 1/907; 12/556; 36/368).
(MP)
– Miguel Portela, Mosteiros Cistercienses, Separata
(HM)
Helena Monteiro. Mestrado (113).
A Estrada da beira
Peça conexa:
Personagens
_______________________________________________
Publicado também no jornal RIBEIRA DE PERA edição impressa de Setembro 2018.