quinta-feira, 26 de junho de 2025

  


Emigração

 O meu caso pessoal 


 

 Eu também já tive o estatuto de emigrante nos anos setenta do século passado (1972-1973).                                                      

1| Para obter Passaporte Português tive de apresentar junto das autoridades portuguesas:

·          Situação militar resolvida 

·          Certificado registo criminal limpo

·          Exames Médicos  

2| E para obter o VISTO junto das Autoridades Brasileiras tive de juntar:

·          Carta de chamada que me assegurava alojamento no Brasil;

·          Certificado de registo criminal limpo

·          Exames médicos no Consulado Geral do Brasil em Lisboa

·          Contrato de trabalho.  

Este contrato de trabalho veio do Brasil para Portugal via diplomática. O meu tio Francisco teve de ir no Brasil ao Ministério do Trabalho Brasileiro fazer prova da sua capacidade para me assegurar, trabalho, função e salário. Depois o contrato veio diretamente do Ministério do Trabalho Brasileiro para o Consulado Geral do Brasil em Lisboa, onde foi junto ao processo.

Só depois do processo instruído e aprovado é que me foi conferido o VISTO consular para entrada no Brasil como emigrante.  

À chegada ao Brasil o funcionário no aeroporto conferiu tudo e desejou-me Boas-Vindas.

Esta foi a minha experiência.

Em baixo a cópia de três documentos desse tempo. 

 











Fhn




terça-feira, 17 de junho de 2025



No acervo documental do Padre Aurélio de Campos 

em Castanheira de Pera



1| LIVRO. Após jubilado do múnus paroquial concluiu e publicou em 2018 o livro «Traços de uma vida - Memórias e reflexões pessoais», onde descreve o seu percurso de vida, serviços prestados e cargos assumidos. Dentre as comunidades que serviu o Padre Aurélio de Campos dedica a Castanheira de Pera catorze páginas de texto (105 a 118) e a final ainda algumas imagens alusivas, o que tudo junto constitui um circunstanciado relatório do que foi a sua acção pastoral e educativa em Castanheira de Pera, durante os 17 anos (1960-1978) que aqui permaneceu. Acto de posse, obras e governo da igreja, evangelização e liturgia, acção social e caritativa, fundação do Externato S. Domingos, momentos de acção de graças, são pontos desenvolvidos nessas páginas. No âmbito do ensino oficial também uma referência à criação da Escola Preparatória Dr. Ulisses Cortez, em 1968, por portaria conjunta dos ministros das Finanças e da Educação Nacional, nº 23.600 de 9/9/1968, on line no «Diário do Governo» nº 213 - I Série, de 9/9/1968, 1º Suplemento/ mapa anexo 1/1337. O livro não se encontra no mercado, mas acessível nas bibliotecas depósito legal.

 

2| JORNAL. Em Castanheira de Pera o P. Aurélio de Campos foi também fundador e diretor do jornal «O Facho» de Luz, Boletim das Paróquias de Castanheira de Pera e Coentral, que publicou mensalmente entre abril de 1961 e fevereiro 1964, num total de 21 números de capa, correspondentes a 19 edições. A edição nº 17/18 de agosto/setembro de 1963 insere adequada informação sobre a ordenação, missa nova e mensagem do Padre Adelino Henriques (1939/1988), que foi da Sapateira. Em todas as edições há desenvolvida informação acerca da vida das paróquias e respetivas comunidades em que foi noticiado, além do mais, o batismo de muitos avós de hoje… Na Biblioteca Nacional (Campo Grande) existe uma colecção completa, acessível a consulta, que em anos anteriores tinha a cota J.2265V

 

3| RDP. No domingo 14 de novembro de 1976 a RDP-Centro (Coimbra) transmitiu diretamente da Igreja Paroquial de Castanheira de Pera a Missa da Comunidade Paroquial (11h00). Em FM para todo o país e em onda curta para os núcleos de Portugueses espalhados pelo Mundo. Foi celebrante o Padre Aurélio de Campos, num momento único na história paroquial, aqui vivido com grande intensidade. Seria interessante escutar uma cópia desse documento sonoro, mas a RDP não o faculta, certamente por boa razão, qual seja a preservação dos arquivos.

 

4| RTP. Durante o seu ministério sacerdotal, além da continuação e conclusão das obras de restauro e beneficiação na igreja paroquial (iniciadas em 1956) e nalgumas capelas, foi também construída uma capela nova (no espaço da antiga) na povoação de Sarzedas de São Pedro, custeada por benemérito local, capela cujo âmbito territorial abrange as povoações de Sarzedas de São Pedro, Sarzedas do Vasco, Souto Fundeiro, Balsa, Ervideira, Valinha Fontinha, Vale dos Castanheiros e Vale das Mós. Aquando da cerimónia inaugural em setembro de 1973 o Padre Aurélio de Campos procedeu à bênção da nova capela, evento transmitido pela RTP, cujo conteúdo (sem som) ainda se encontra acessível à visualização on line no sítio: «RTP Arquivos. Inauguração da capela das Sarzedas de São Pedro.         

                                                                                                                  Fn   

 (Texto in «O Ribeira de Pera», edição impressa de Maio 2025)



Escola Preparatória Dr. Ulisses Cortez  

Inauguração Capela Sarzedas S. Pedro    

 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

 

 

Tributo a Monsenhor Cónego Aurélio de Campos


Coimbra, 17 de Julho de 2024
  


1| Personalidade carismática na diocese a sua morte teve larga repercussão nos sites institucionais eclesiásticos (Agência Eclésia, Diocese de Coimbra, educris), todos referindo vários cargos e missões assumidas durante um ministério sacerdotal de mais de 60 anos. Dentre o acervo literário é oportuno referir aqui a obra «TRAÇOS DE UMA VIDA – Memórias e reflexões pessoais». Um volume em que percorre e comenta as suas origens, tempo de seminário, comunidades que serviu, peregrinações, viagens, família, genealogia, documentos oficiais, gravuras e desenhos. O livro não se encontra no mercado, trata-se de uma edição privada dedicada à família e a oferecer a amigos eclesiásticos e leigos. Mas, depósito legal nº 449378/18, está disponível ao público nestas bibliotecas. Dentre as comunidades que serviu, o Padre Aurélio de Campos foi Pároco de Castanheira de Pera durante 17 anos (1960-1978), tempo durante o qual aqui desenvolveu intensa atividade pastoral e onde foi cofundador, diretor e professor do Externato São Domingos de tudo deixando circunstanciada descrição a pág. 105-118 deste seu livro. Ora foi no Externato São Domingos que começou a história pessoal que vou contar. 


2| Quem em 1958 por aqui concluía o exame da «4ª classe» por aqui ficava. Se alguém fazia o «exame de admissão» já era uma auréola… Sair para fora só quem podia. Uma circunstância ocasional proporcionou-me em 1959 (com 12 anos) ir para o Registo Civil aviar recados. O que me permitiu na vila os primeiros “contactos sociais”.  Quando em 1961 abre o Externato São Domingos, uma convergência solidária de vontades, permitiu-me preparar e ir a Coimbra fazer o tal «exame de admissão» e depois frequentar as aulas dos 1º e 2º Anos do então 1º ciclo liceal. Durante o 1º ano o Padre Aurélio de Campos, que era o nosso professor de português, propôs-me fazer uma redação sob o título «Nasceu o sol para a juventude de Castanheira de Pera», a propósito no novo Externato.  Redação que, juntamente com a de alunos do 3º ano, veio a ser publicada no jornal «O Castanheirense» do dia 13 de fevereiro de 1963.  Ora, ver a minha redação publicada a par de alunos do 3º ano constituiu para mim um incentivo, um estímulo enorme! Redobrando o estudo do Português e das outras disciplinas possibilitou-me obter a nota 17 valores em exame final do 2º ano (prova escrita) no então Liceu Normal D. João III em Coimbra. Esta dinâmica possibilitou-me nos dois anos seguintes concluir o 2º ciclo liceal.   Depois o 3º ciclo foi-se fazendo por disciplinas, interpolado por três anos de serviço militar, dois dos quais nos matos de Angola. 


3| Posteriormente, em 1973, feito o «exame de aptidão», nesse mesmo ano efetuo a matrícula no 1º Ano da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O curso foi-se percorrendo quase todo como aluno voluntário. Bacharelato (1977) e Licenciatura (1980). Também nesta fase fui tendo do Padre Aurélio uma palavra amiga, um conselho, uma orientação, um estímulo, por vezes algo próximo de um «diretor espiritual», figura cuja importância ele tão bem retrata a pág. 39,40 deste seu livro.  Concluída licenciatura em janeiro de 1980 nesse mesmo ano passo na admissão ao Centro de Estudos Judiciários (I Curso Normal) e, por esta via, o ingresso na judicatura, vindo a exercer funções em diversos tribunais dos Açores e do Continente, incluindo a Relação. Sem esquecer que, em cada momento deste percurso, havia um nexo com o momento em que «Nasceu o Sol para a juventude de Castanheira de Pera».  


4| No mesmo prédio onde moro na região de Lisboa reside também um colega meu, parente do Padre Aurélio (família Campos). Ambos aposentados, passámos a nos encontrar anualmente em Coimbra, antes das férias de verão, para um almoço convívio. Primeiro na restauração da cidade e pós-pandemia no refeitório do Seminário. O último ocorreu em julho de 2024 (foto). Foram momentos gratificantes de amizade, memórias, lucidez. Com 23 anos de Seminário Maior (10 como Seminarista e 13 como Reitor) as visitas guiadas por Monsenhor Cónego Aurélio de Campos eram um encanto!  À sua memória expresso o meu profundo Bem-Haja!      

Francisco H. Neves

 

Sites institucionais eclesiásticos: 


Velharias do meu

Tributo    


                           


 



quinta-feira, 6 de março de 2025


 
Ciclo de pré-carnaval 

    DIA DE AMIGOS - DIA DE AMIGAS - DIA DE COMPADRES - DIA DE COMADRES                                                                                                                                          

 
«5ª feira de Amigos». Simbolo de Amizade
Grupo de Amigos de Castanheira de Pera 




«Dia de Amigos» celebrado em Castanheira de Pera 
no 11º ano da recuperação



1| Histórico. Ciclo das «quatro quintas-feiras» imediatamente anteriores a terça-feira de entrudo. Tempo lúdico de pré-carnaval vivenciado por todo o país durante o século passado, com variantes conforme as localidades. Castanheira de Pera conheceu toda esta ludicidade de que, entre seniores, ainda existe alguma reminiscência.

Eram vivências caseiras ou coisa privada de adega…

As feiras e mercados constituíam ao tempo as «redes sociais» de comunicação.

Agora uma noção do que fora o «dia de amigos» no século passado:  na região do Alto Paiva a «quinta-feira de amigos» era tida como uma «súcia animada»; na região da Sertã  «rapazes depois de bem comidos e bem bebidos… procediam à divisão do burro»; em Elvas «os rapazes, reunidos na casa dum deles, comiam, bebiam, cantavam…»; em Monchique não se conhece o programa, mas foi em Angra do Heroísmo que em 1918 se registou o mais expressivo, no fundo ainda hoje em vigor:  «Hoje é dia de amigos. Escolhe dois ou três dos mais firmes e organiza uma pandegazinha pacata. Contas do Porto, quem comeu pagou».

A propósito dir-se-á que os termos «pândega» e «pandegazinha» eram muito populares no último quartel do sec. 19, como retratam nas suas obras Eça de Queiroz (mormente in «A Capital») e, no Brasil, Aluízio de Azevedo (in «O Mulato»).

Acontece que estas tradições foram-se perdendo no continente, enquanto na Região Autónoma dos Açores se foram dinamizando de tal modo que na atualidade (sec. XXI) o «dia de amigos» (só homens) e o «dia de amigas» (só mulheres) esgotam espaços de restauração por toda a Região Autónoma. Sugere-se uma visita aos vídeos via Google.  


2| Castanheira de Pera. 2015. Entretanto, sabendo-se que no continente o «dia de amigos» se circunscrevia praticamente à Casa dos Açores e aos núcleos de açorianos por aqui residentes,  em Janeiro de 2015,  um grupo de seis amigos - António Carreira, Fausto Fernandes, Fernando Martelo, Francisco Neves, Jorge David, Pedro Barros - deliberou recuperar a tradição da  «quinta-feira de amigos» em Castanheira de Pera. O que desde aí sempre se cumpriu, exceto em dois anos da pandemia.

E foi assim que, neste dia 6 fevereiro 2025, num adequado espaço da restauração local, teve lugar o nono jantar de «dia de amigos», com assim se comemorando o 11º ano da reativação local.
Durante o bródio foi entregue a um amigo um símbolo de amizade, cujo sentido profundo é o de um BEM HAJA a todos os amigos presentes na sala (três dezenas) e a todos os demais que em edições anteriores contribuíram para se comemorar em Castanheira de Pera um «dia de amigos» de âmbito regional, suposto que caso único a nível nacional/continente.
E a final do evento, circulando por todas as mesas, cumpriu-se o ritual da «assinatura da acta» por sobre «Camponez» bem informado!  Estes eventos são informais, mas dado o esquecimento anterior, salvaguarda-se para memória futura! 

 
 
3| Em síntese. Tempo de amizade e encontro é o ano todo! Mas o «dia de amigos» é, neste contexto, o momento do ano em que mais amigos e seus convidados se juntam, se saúdam e confraternizam num ambiente divertido mutuamente amigo!  Sempre na 4ª semana anterior ao Entrudo.
No próximo ano 2026 o «dia de amigos» cai a 22 de janeiro.
Até lá haja boas amizades!
«Um amigo fiel é um bálsamo de vida».
Fn 
   



(in «O RIBEIRA DE PERA» edição impressa de 28/2/2025)

Bibliografia: Edição de 31/12/2019 e Edição de 31/12/2020 deste jornal.