sexta-feira, 31 de julho de 2020





O cruzeiro do adro e a sua voz de pedra 










No dia 17 deste mês de Julho de 1843, Almeida Garret partiu de Lisboa com destino a Santarém, a convite do seu amigo Passos Manuel, em casa de quem ficou hospedado durante uma semana.  Visitou a cidade e a Ribeira e, como era sua tenção, «de tudo quanto viu e ouviu, pensou e sentiu» fez crónica. Viagem no terreno e viagens mentais pela arquitetura, história, política, religião. Resultado: as VIAGENS NA MINHA TERRA.
«Santarém é um livro de pedra» - escreveu Garret no cap. XXIX.
Certamente. E vários volumes!  
Apreciando e transpondo a metáfora, dir-se-á que Castanheira de Pera também possui, além do mais, um pequeno livro de pedra: o cruzeiro paroquial (e diocesano).  
Monumento velhinho, raramente incluído na lista dos monumentos locais, magoado das intempéries e da indiferença, contudo ele ali permanece de pé, disponibilizando graciosamente (sem pedir moeda) a sua mensagem. 








Na base uma plataforma quadrangular de pedra com três degraus e gatos metálicos de junção e consolidação e, sobre ela, centralizado, um plinto octogonal de pedra, depois a coluna e a cruz no alto. 
Em redor do plinto esta breve cronologia histórica:        


·         1139 Batalha de Ourique
·         1140 Recontro de Valdevez

·         1249 Conquista do Algarve
·         1290 Fundação da Universidade

·         1340 Batalha do Salado
·         1385 Batalha de Aljubarrota

·         1415 Conquista de Ceuta
·         1498 Vasco da Gama descobriu a India por mar

·         1500 Pedro Alvares Cabral descobriu o Brazil
·         1580 10 de Junho faleceu Luiz de Camões

·         1608 Nasceu Padre António Vieira
·         1640 Restauração da Independência

·         1782 Fundação da R. Casa Pia de Lisboa
·         1810 Batalha do Buçaco

·         1940 8º Centenário da Fundação
·         1940 3º Centenário da Restauração.

·         1502 | Freguesia de São Domingos | 15 de Novembro
·         1914 | Inauguração do concelho de Castanheira de Pera | 4 de Julho 



Estas últimas datas (1502 e 1914), estão gravadas por baixo do plinto, no degrau cimeiro da plataforma.  Seria interessante conhecer algo mais sobre a história deste «livrinho de pedra», porventura a «ficha técnica» da «1ª edição». Havendo.
Quanto à cronologia histórica é geralmente conhecida e encerra numa data concelhia: 4 de Julho de 1914 a inauguração do concelho de Castanheira de Pera.
Significa isto que, no dia 4 deste mês de Julho 2020, passou o 106º aniversário da inauguração do concelho.  Gravado na pedra!  



                                                                                                          Francisco H. Neves  







(Texto  também in 


edição impressa de 31 de julho 2020).



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quinta-feira, 2 de julho de 2020





Escola Primária da Viscondessa de Nova Granada

Portaria da denominação oficial (1932) 



Foto in «Américo Costa, Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular, Vol. IV/1483, edição 1934»


Os Viscondes de Nova Granada ofereceram ao Estado um edifício destinado a escola primária elementar, sexo masculino, sito na vila de Castanheira de Pera. E o Governo deliberou, em conselho de ministros, dar-lhe a denominação oficial de Escola Primária da Viscondessa de Nova Granada, conforme portaria nº 7.339, in «DG», Nº 107, «I-S» de 7/5/1932, (Link 1).

José Alves Barreto, (1859-1933), nasceu na vila de Castanheira de Pera.  Cedo partiu para o Brasil, onde criou empresas, contraiu casamento e fez fortuna. Praticou actos de beneficência no Brasil e aqui na sua terra natal. 
Agraciando, o rei D. Carlos, por decreto de 21/2/1901, concedeu-lhe o título de Visconde de Nova Granada.

Nova Granada (SP) é município desde 1925, inserido numa região onde a viscondessa Ana Miquelina Alves Barreto, (1863-1943), fora abastada proprietária.  Mas foi em Osasco, grande município da área metropolitana de São Paulo, onde José Alves Barreto desenvolveu intensa atividade comercial e industrial. E ficou na toponímia. Em Osasco ainda hoje se circula pela Avenida Visconde de Nova Granada, aliás, ampliada e beneficiada. (Link 3).  






Recentemente (2016) a escritora osasquense Laura Leal publicou um livro intitulado «Da Argila à Vila – Memórias de Osasco», Editora Baraúna, (ISBN 978-85-437-0630-6), parcialmente on line, onde a páginas 122 a 126 faz referência à atividade empresarial do Visconde de Nova Granada, (Link 2).

O casal Visconde jaz num mausoléu em Castanheira de Pera. Os seus bustos ficaram erigidos no jardim do Lar São José.  Para completar o seu perfil existem atualmente sítios on line. Abaixo a indicação de dois.  
  
Nota final – Nos anos cinquenta - da 1ª à 4ª classe – fomos um dos alunos a frequentar a Escola Primária Viscondessa de Nova Granada. A minha gratidão aos doadores. In memoriam. 
Francisco H. Neves



Links:







(Texto  também  in 


edição impressa de 30 de Junho 2020)