sábado, 6 de julho de 2019





Viagens ao Seminário Maior de Coimbra





Universidade - Jardim Botânico da Universidade - Seminário Maior 

Monsenhor Cónego Aurélio de Campos 


1.Localização

Situado num lugar algo recolhido, mas com vistas largas para o mundo é assim o Seminário Maior de Coimbra. Haverá, porventura, gente que ainda não apreciou a beleza arquitetónica da frontaria de «um dos monumentos mais grandiosos levantados na cidade» de Coimbra (1748 - 1765), simplesmente por não se saber onde fica…

Então haja como referência a Torre da Universidade de Coimbra, a sua Porta Férrea e em redor os edifícios das faculdades, (Link 1). Descendo alguns metros até aos «Arcos do Jardim», («Aqueduto de São Sebastião»), eis aí o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, com os seus 13 hectares de terreno, o gradeamento, os vários portões de acesso. (Link 2). Ora, o portão principal de acesso ao Seminário Maior de Coimbra fica exatamente em frente do portão de saída (sul) do Jardim Botânico (portão 5). Avistam-se mutuamente. Temos assim na «Alta Universitária de Coimbra», um mapa académico constituído por três espaços seguidos: Universidade de Coimbra (polo I) - Jardim Botânico da Universidade - Seminário Maior.  
(Google eart.  Google mapas). 



2. Visita guiada

As visitas guiadas ao Seminário Maior de Coimbra são enriquecedoras.  Logo à chegada o visitante depara-se com a beleza e magnitude da sua frontaria. Depois, dentro da sumptuosa construção, arquitetura italiana, com pisos em quadrado percorrem-se, na parte aberta ao público, amplos corredores, escada em caracol, aposentos episcopais, varandas, biblioteca velha, salas de aula e de actos, capelas, a Igreja da Sagrada Família com o seu órgão histórico (restaurado em 2005 por um organeiro de Ponta Delgada), móveis, alfaias litúrgicas, imagens de santos, relíquias seculares, pinturas, quadros. E o refeitório com púlpito de antiga função. Já no exterior as vistas panorâmicas, os edifícios laterais, entre estes o da biblioteca nova. Apesar da paragem (2012) da missão específica (curso teológico) o Seminário Maior de Coimbra mantém-se vivo e aberto: reitoria, apoio a teólogos (mestrandos e doutorandos), bibliotecas, eucaristia semanal, exposições, colóquios, conferências, concertos, formação de leigos (ministérios laicais), música sacra, retiros, visitas guiadas, página eletrónica (Link 3).



3. Livro «SEMINÁRIO DE COIMBRA  – subsídios para a sua história»

Mas também se podem fazer visitas guiadas, continuadas, ao Seminário Maior de Coimbra, através das páginas deste notável volume da autoria de Monsenhor Cónego Aurélio de Campos, cuja publicação ocorreu após cessar a missão de Reitor do Seminário Maior de Coimbra, que durante treze anos (1997-2010) cumprira.

Livro que é um monumento descrevendo outro monumento. Onde se faz a história do Seminário Maior de Coimbra desde a construção (1748-1765), abertura (28/10/1765), paragem do seu curso teológico, (16.9.2012), até ao fecho da edição (2014).  Onde se detalha o governo dos vários Bispos da Diocese, desde o fundador (do seminário) D. Miguel da Anunciação (1741-1779) até ao atual, D. Virgílio do Nascimento Antunes (2011- ). A listagem de todos os reitores, vice-reitores, diretores espirituais e professores que serviram a Igreja neste Seminário. E o rol dos 34 bispos diocesanos que, antes da sua ordenação episcopal, se formaram ou serviram neste Seminário de Coimbra.

São mais de 250 anos de História. Percurso com alguns tempos difíceis: Os 8 anos, 2 meses e 15 dias de prisão do Bispo Conde D. Miguel da Anunciação (8.12.1768 - 23.2.1777). O liberalismo na Diocese: o exílio do Bispo no Brasil (17 anos), os Vigários Capitulares e o Cisma Diocesano (1824 - 1852). A implantação da República e a lei da separação de 20.4.1911. Mas também com tempos áureos: A construção (1748-1765) e a inauguração do Seminário da Sagrada Família de Coimbra (28.10.1765). A nomeação de Governador do Bispado de D. Manuel Correia de Bastos Pina (1.1.1865), a Sagração Episcopal, (19.5.1872) e toda a sua ação pastoral (1865 - 1913). Os episcopados de D. Manuel Luís Coelho da Silva, D. António Antunes e D. Ernesto Sena de Oliveira (1915 - 1967). Tempos estes e outros, nos dois sentidos, desenvolvidamente tratados.

No Seminário de Coimbra ocorreu em 16.9.2012 a paragem da bicentenária missão específica de formar para o sacerdócio. Mas a esperança ficou. «Que a esperança do dia luminoso que há-de vir nos alente na escuridão da hora presente», (pag.373).

Bispo Conde. Uma nota. Durante séculos, todos os bispos de Coimbra usaram o título honorífico de «Bispo Conde». A origem remonta ao Sec. XV, quando D. Afonso V, (1438-1481), por carta de 25/9/1472 decretara «de jure que Dom Joam Galvão, bispo de Coimbra, e todos os seus sucessores, bispos de Coimbra, sejam e se chamem e intitulem Condes da Villa de Arganil, in perpetuum».  Todavia, o título caiu em desuso perante os princípios orientadores do Concílio Vaticano II, (1962-1965).  D. Ernesto Sena de Oliveira (1948-1967), 60º Bispo de Coimbra, foi o 25º Conde de Arganil e o último a usar o título o «Bispo Conde». Título que caiu em desuso, mas que se mantém na esfera dos bispos de Coimbra.  (Pág. 102 e 277).

«Seminário de Coimbra – Subsídios para a sua história» é uma obra enciclopédica da autoria de Aurélio de Campos. Um volume com 435 páginas, impressão a cores, papel couché 170 g, formato 22,5 x 26.  Edição do Seminário Maior de Coimbra. 
Ano de 2014. Depósito legal 381766/14. ISBN 978-972-96869-2-4. 



4. Livro «TRAÇOS DE UMA VIDA  (memórias e reflexões pessoais)»

Este é outro livro, mais recente, também da autoria de Monsenhor Cónego Aurélio de Campos. Um livro dividido em cinco espaços. Donde respigamos: no primeiro oração de louvor, fases do discernimento vocacional, importância do diretor espiritual, maravilhas reconhecidas. No segundo as origens (freguesia de Fajão), o seminarista, o reitor, as comunidades onde serviu. As férias, as viagens, («cada viagem é um livro que se lê»), o ano sabático, os cursos de formação, as cinco peregrinações à Terra Santa. O terceiro espaço é dedicado à família, genealogia, amizade e desporto. No quarto espaço cópia de vários documentos pessoais, dentre estes o decreto diocesano da sua nomeação de Cónego da Sé de Coimbra (11.8.1999) e o diploma do Vaticano de 9.2.2011 em que o Papa Bento XVI lhe concede a dignidade de Capelão de Sua Santidade (Monsenhor). E por fim, no quinto espaço, algumas «sépias» de pinturas, gravuras, desenhos, incluindo-se aqui a Torre da Igreja Paroquial de Castanheira de Pera.  Breve biografia encerra.

Castanheira de Pera foi a comunidade em que o Padre Aurélio de Campos durante mais tempo servira, (17 anos, 13/11/60 a 19/1/78). Dedica-lhe várias páginas neste livro. Tempo em que o concelho tinha uma população de 5.739 habitantes (censo de 1960). Para além da sua intensa atividade pastoral é de realçar, além do mais, a sua ação no âmbito do ensino privado, em que foi cofundador (1961), professor e diretor durante anos do Externato São Domingos e coordenador da construção do novo edifício, que depois transitou para o Estado. No âmbito do ensino oficial o Pe. Aurélio procedeu à tarefa de instalação no terreno da Escola Preparatória Dr. Ulisses Cortez, (1969 e seguintes), cuja criação tivera lugar em 1968, pela Portaria 23.600, conforme referido em nossa «Fraga» anterior.   

«Traços de uma vida (memórias e reflexões pessoais)» é um livro que se lê e relê com inteiro agrado, como de inteiro agrado eram as suas aulas! 

Com 283 páginas. Formato 16 x 23. Edição do Autor. 
Coimbra 2018. Depósito Legal nº 449378/18.  ISBN 978-989-20-9094-8.

O Padre Aurélio reside atualmente na Casa de São José, (Lar do Clero), junto do Seminário de Coimbra. (Contacto Google: Anuário Católico. Aurélio de Campos).




5. Externato São Domingos

Seria interessante e gratificante, a breve trecho, uma iniciativa dos antigos alunos do Externato São Domingos de Castanheira de Pera, no sentido de se organizar uma especial visita guiada ao Seminário Maior de Coimbra, conduzida pelo próprio Padre Aurélio de Campos,  que é hoje em Coimbra o homem que  mais sabe e melhor conhece o Seminário Maior. E é sempre com carinho e alegria que ele contacta gente de Castanheira de Pera, em particular antigos alunos. Será uma graça poder contar com a sua disponibilidade!  
Para as visitas comuns conferir o site do Seminário. (Link 3).  

Por estes dias (17 de julho de 1843) Garrett foi a Santarém visitar o seu amigo Passos Manuel e de tudo o que viu e ouviu se «fez crónica». Ir em 2019 a Coimbra visitar o Seminário Maior e encontrar-se com o Padre Aurélio de Campos é, adaptando, fazer   também «Viagens na Minha Terra»!  


 Francisco H. Neves



Link 1 – Universidade


Link 3 – Seminário Maior 









In  O RIBEIRA DE PERA edição impressa de 30 de Junho de 2019