sexta-feira, 4 de abril de 2025

 

 

Tributo a Monsenhor Cónego Aurélio de Campos


Coimbra, 17 de Julho de 2024
  


1| Personalidade carismática na diocese a sua morte teve larga repercussão nos sites institucionais eclesiásticos (Agência Eclésia, Diocese de Coimbra, educris), todos referindo vários cargos e missões assumidas durante um ministério sacerdotal de mais de 60 anos. Dentre o acervo literário é oportuno referir aqui a obra «TRAÇOS DE UMA VIDA – Memórias e reflexões pessoais». Um volume em que percorre e comenta as suas origens, tempo de seminário, comunidades que serviu, peregrinações, viagens, família, genealogia, documentos oficiais, gravuras e desenhos. O livro não se encontra no mercado, trata-se de uma edição privada dedicada à família e a oferecer a amigos eclesiásticos e leigos. Mas, depósito legal nº 449378/18, está disponível ao público nestas bibliotecas. Dentre as comunidades que serviu, o Padre Aurélio de Campos foi Pároco de Castanheira de Pera durante 17 anos (1960-1978), tempo durante o qual aqui desenvolveu intensa atividade pastoral e onde foi cofundador, diretor e professor do Externato São Domingos de tudo deixando circunstanciada descrição a pág. 105-118 deste seu livro. Ora foi no Externato São Domingos que começou a história pessoal que vou contar. 


2| Quem em 1958 por aqui concluía o exame da «4ª classe» por aqui ficava. Se alguém fazia o «exame de admissão» já era uma auréola… Sair para fora só quem podia. Uma circunstância ocasional proporcionou-me em 1959 (com 12 anos) ir para o Registo Civil aviar recados. O que me permitiu na vila os primeiros “contactos sociais”.  Quando em 1961 abre o Externato São Domingos, uma convergência solidária de vontades, permitiu-me preparar e ir a Coimbra fazer o tal «exame de admissão» e depois frequentar as aulas dos 1º e 2º Anos do então 1º ciclo liceal. Durante o 1º ano o Padre Aurélio de Campos, que era o nosso professor de português, propôs-me fazer uma redação sob o título «Nasceu o sol para a juventude de Castanheira de Pera», a propósito no novo Externato.  Redação que, juntamente com a de alunos do 3º ano, veio a ser publicada no jornal «O Castanheirense» do dia 13 de fevereiro de 1963.  Ora, ver a minha redação publicada a par de alunos do 3º ano constituiu para mim um incentivo, um estímulo enorme! Redobrando o estudo do Português e das outras disciplinas possibilitou-me obter a nota 17 valores em exame final do 2º ano (prova escrita) no então Liceu Normal D. João III em Coimbra. Esta dinâmica possibilitou-me nos dois anos seguintes concluir o 2º ciclo liceal.   Depois o 3º ciclo foi-se fazendo por disciplinas, interpolado por três anos de serviço militar, dois dos quais nos matos de Angola. 


3| Posteriormente, em 1973, feito o «exame de aptidão», nesse mesmo ano efetuo a matrícula no 1º Ano da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O curso foi-se percorrendo quase todo como aluno voluntário. Bacharelato (1977) e Licenciatura (1980). Também nesta fase fui tendo do Padre Aurélio uma palavra amiga, um conselho, uma orientação, um estímulo, por vezes algo próximo de um «diretor espiritual», figura cuja importância ele tão bem retrata a pág. 39,40 deste seu livro.  Concluída licenciatura em janeiro de 1980 nesse mesmo ano passo na admissão ao Centro de Estudos Judiciários (I Curso Normal) e, por esta via, o ingresso na judicatura, vindo a exercer funções em diversos tribunais dos Açores e do Continente, incluindo a Relação. Sem esquecer que, em cada momento deste percurso, havia um nexo com o momento em que «Nasceu o Sol para a juventude de Castanheira de Pera».  


4| No mesmo prédio onde moro na região de Lisboa reside também um colega meu, parente do Padre Aurélio (família Campos). Ambos aposentados, passámos a nos encontrar anualmente em Coimbra, antes das férias de verão, para um almoço convívio. Primeiro na restauração da cidade e pós-pandemia no refeitório do Seminário. O último ocorreu em julho de 2024 (foto). Foram momentos gratificantes de amizade, memórias, lucidez. Com 23 anos de Seminário Maior (10 como Seminarista e 13 como Reitor) as visitas guiadas por Monsenhor Cónego Aurélio de Campos eram um encanto!  À sua memória expresso o meu profundo Bem-Haja!      

Francisco H. Neves

 

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